quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O culto do templo de Jerusalém

O Templo, situado em Jerusalém, era muito mais do que um local de culto. Sobretudo, era o centro de toda a vida religiosa, econômica e política judaica.
Diariamente queimavam-se incensos em sacrifício, com misturas preciosas e especiarias, produzindo fragrância agradável. No grande altar dos holocaustos, oferecia-se também, a cada dia, um cordeiro de um ano. Alem disso, havia diversos sacrifícios privados de judeus, que o traziam em sinal de seu agradecimento a Deus. (Lc 2,24).
Ainda antes do amanhecer, um arauto proclamava em voz alta: ”sacerdotes, apresentai-vos para o vosso serviço”. Quando os sacerdotes escutavam a chamada, chegavam rápido, a fim de providenciar os preparativos para a realização do culto.
Nos grandes dias festivos, chegavam grandes grupos de peregrinos a Jerusalém, cujo numero superava muitas vezes, consideravelmente, o dos 25 000 da cidade. Só era possível encontrar albergue para todos eles porque os cidadãos de Jerusalém deviam conceder hospedagem de graça os peregrinos de fora. Pois Jerusalém era propriedade de todo Israel.
O templo era o santuário de todos os judeus. Por isso, era lugar de sacrifícios diários e de reunião de milhares de peregrinos nas grandes festas. Também a comunidade cristã primitiva escolheu o templo como lugar de adoração a Deus.

1. LOHSE, Eduard. A vida e a fé judaicas na época do novo testamento. in Contexto e Ambiente do Novo Testamento. São Paulo: Editora Paulinas, 2000. p. 139-144.
2. MATEUS, J/ CAMACHO, F. Jesus e a sociedade de seu tempo. São Paulo: Edições paulinas. 1992. p 20.
3. TASSIN, Claude. O judaísmo: do exílio ao tempo de Jesus. São Paulo: Edições paulinas. 1988. p 44-45.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sinagoga

A palavra sinagoga ou proseuche (lugar de oração) era relacionado ao local onde um grupo de pessoas ou comunidade judaica faziam reuniões religiosas e sociais.
Apesar de ter outro caráter religioso, o templo de Elefantina na Babilônia, onde judeus exilados cultuavam é considerado um precursor da sinagoga. Se originaram mais especificamente no Egito dos Ptolomeus e se desenvolveram muito bem na diáspora pelo fato dos judeus terem o direito de reunião obtido por César. E no tempo de Herodes, cada cidade importante já possuia sua sinagoga.
A congregação se reunia no Sabbath e em dias santos, além de servir como escola onde se estudava a Torah (tendo salas separadas para o serviço).
O evento mais importante considerados nas reuniões é a leitura e a interpretação da Torah, além da chamada "dezoito bençãos". 
Os cultos poderiam cair nas segundas, quintas e todos os sábados. Para o ofício divino do sábado temos a seguinte organização: o querigma judaico (3 exortações bíblicas), o puxador de orações (inicia e finda as dezoito orações), o vigia (tira o rolo do pentateuco para ser lido por 3, 5 ou 7 leitores) e o guarda (tirava da arca um rolo dos livros históricos e proféticos na manha do sábado e nos dias de culto.



1. LOHSE, Eduard. A vida e a fé judaicas na época do novo testamento. in Contexto e Ambiente do Novo Testamento. São Paulo: Editora Paulinas, 2000. p. 147-155.
2. TENNEY, Merrill C. O ano sagrado. in O Novo Testamento Sua Origem e Análise. 3ª edição. São Paulo: Editora Vida Nova. 1995. p. 40-77.
3. STAMBAUGH, John E. Festas anuais. in O Novo Testamento em seu Ambiente Social. São Paulo: Editora Paulus, 1996. 
4.BO, Reicke. História do Tempo do Novo Testamento. São Paulo: Editora Paulus,1996. p.139-143.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A SALVAÇÃO VINDOURA

Nos dias de Jesus e dos primeiros cristãos, para grande parte havia uma esperança viva a respeito da aparição próxima do Ungido de Deus. Constantemente surgiam indivíduos cujos seguidores queriam ver neles o Messias. Era esperança comum e quase natural que o filho de Davi libertaria seu povo, acusaria os pagãos por sua impiedade e castigaria seu povo, acusaria pela injustiça, mostrando-lhes sua iniqüidade. 
No judaísmo inteiro, perguntava-se pelo tempo da vinda do reino de Deus, procurando-se sinais que indicassem, se o tempo messiânico se estava anunciando. Os rabinos respondiam a essa pergunta dizendo que Israel poderia apressar a chegada da salvação vindoura através da estrita obediência à Lei. Se todo Israel fizesse penitencia de verdade, viria à salvação pelo Messias. Como o dia da libertação estava demorando, alguns suspeitavam que o Messias ficaria totalmente escondido, e ninguém o reconheceria. Outros diziam que ele já nascera e continuava desconhecido. Com essas opiniões, expressava-se a desilusão contemporânea. Mesmo assim, a esperança de que Deus finalmente teria misericórdia de seu povo, vendo sua miséria, permanecia viva no judaísmo.

1. BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento. Editora: Academia Cristã: São Paulo. 2008. p. 40-48.
2. MATEUS. J/ CAMACH. F. Jesus e a Sociedade de seu Tempo. Editora Paulinas: São Paulo. 2005. p. 43-44.
3. LOHSE, Eduard. A vida e a fé judaicas na época do novo testamento. in Contexto e Ambiente do Novo Testamento. São Paulo: Editora Paulinas, 2000. p. 139-144.

Deus e homem

Falar de Deus significa, para o judaísmo, falar de sua Lei, pela qual se pronunciam a vontade e o mandamento de Deus. Como Deus proclamou sua vontade pela palavra, não existe outra fonte de revelação, senão essa palavra.
Conforme a convicção do judaísmo, só se concebia quem era Deus e o que ele exigia dos homens conhecendo-se sua palavra. Unicamente o Deus de Israel era o Deus verdadeiro, de cuja santidade falava com muito respeito. Não se pronunciava o nome de Deus, para evitar a culpa por abuso ou profanação. Como se evitava cuidadosamente pronunciar o nome de Deus utilizava expressões descritivas. Muitas vezes se dizia “o Santo, bendito seja ele”, ou “o Altíssimo”, “o Eterno”, “o Onipotente”, “o Venerável”, “o Senhor do céu” e outras expressões semelhantes.
A idéia do futuro julgamento de Deus determina a fé e a ação do judeu piedoso, que sabe, a partir da Lei de seu Deus, o que deve fazer aqui na terra e o que lhe será perguntado no julgamento. É tarefa do homem obedecer a Deus e agir conforme a sua vontade. Através do cumprimento dos mandamentos como por obras voluntárias de caridade e esmolas, adquirem-se méritos, que podem ser reivindicados perante o tribunal de Deus. Por isso, o judeu fica contente com cada ocasião que lhe oferece a oportunidade de fazer o bem.


1. LOHSE, Eduard. Contexto e ambiente do Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 2000.
2. TASSIN, Claude. O judaísmo: do exílio ao tempo de Jesus. São Paulo: Paulinas, 1988.
3. OTZEN, Benedikt. O judaísmo na antiguidade: a história e as correntes religiosas de Alexandre magno até o imperador Adriano. São Paulo: Paulinas, 2003.

Escritura, lei, tradição

No tempo de Jesus, a vida inteira da comunidade judaica era presidida pela Lei de Moisés (a Torá). A finalidade de toda a educação ministrada na família, na escola e na sinagoga era converter em “discípulo do Senhor”, mediante o conhecimento e a prática da Lei, de todo o povo de Israel. Dogma indiscutível para os judeus era o de que a Lei constituía a suprema expressão da vontade de Deus.
A Torá é autoridade inabalável no judaísmo; é inigualável a sua santidade e a sua dignidade. Considerada preexistente pelos rabinos, os demais livros do AT têm dignidade hierarquicamente inferior à da Torá. Portanto, à Lei compete a mais alta dignidade. Todos os outros escritos recebem sua autoridade mediante a Torá, e só tem dignidade canônica por usar concordância com a mesma.     
A evolução da tradição realizava-se através da interpretação da Escritura, isto é, a instrução de como se deve agir, precisava de um desenvolvimento contínuo, discernindo e decidindo novas questões com a ajuda da Escritura. A interpretação da escritura, tão importante para revelar a contemporaneidade da Lei, tinha alguns princípios: era feita conforme determinadas regras; a conclusão era feita por analogia, e a explicação de um parágrafo bíblico a partir de outro, próximo desse.


1. LOHSE, Eduard. A vida e a fé judaicas na época do Novo Testamento – Escritura, Lei e tradição. In: Contexto e ambiente do Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 2000. pp. 156 - 166.
2. MATEUS, J/ CAMACHO, F. A Lei / Os letrados. In: Jesus e a Sociedade de seu tempo. São Paulo: Edições Paulinas, 1992. pp.26 - 28
3. TENNEY, Merricl C. – A Literatura – In: O Novo testamento: sua origem e análise. 3. ed. – São Paulo: Vida Nova, 1995. pp. 131 – 138

As festas

São oito festas comemoradas pelos judeus na época do Novo Testamento:
A festa da Páscoa, realizada em 14 de Nisán (março-abril), recordava a libertação de Israel da escravidão no Egito.
A festa dos Pães Asmos, realizada em 15-21 de Nisán, parte da celebração da páscoa. Comia-se pão sem fermento e celebrava-se o inicio da colheita do trigo.
Pentecostes, realizada em 6 de Siván (maio-junho), comemorava o final da colheita do trigo.
Festas das Trombetas, realizada em 1º de Tisrí (setembro-outubro) conhecida como Rosh Hashanah celebrava o ano novo (ano civil).
Dia da Expiação, realizada em 10 de Tisrí, dia do jejum nacional para arrependimento e expiação pelo pecado.
Festas dos Tabernáculos ou cabanas, realizada em 15-22 de Tisrí, comemorava a experiência de Israel no deserto.
Festa das Luzes, realizada em 25 de Quesleu (novembro-dezembro), celebrava a purificação e reedificação do templo pelos Macabeus.
Festa do Purim, realizada em 14, 15 de Adar (fevereiro-março), recordava a libertação do povo nos dias da rainha Ester. 


1. LOHSE, Eduard. A vida e a fé judaicas na época do novo testamento. in Contexto e Ambiente do Novo Testamento. São Paulo: Editora Paulinas, 2000. p. 144-147.
2. TENNEY, Merrill C. O ano sagrado. in O Novo Testamento Sua Origem e Análise. 3ª edição. São Paulo: Editora Vida Nova. 1995. p. 125-129.
3. STAMBAUGH, John E. Festas anuais. in O Novo Testamento em seu Ambiente Social. São Paulo: Editora Paulus, 1996. p. 77.  

A conjuntura social dos judeus da palestina e da diáspora

Desde o tempo de Alexandre Magno, os judeus viveram num mundo helenístico. Contudo conservava suas convicções e compromissos por meio de privilégios legalmente concedidos. Os judeus da diáspora também eram amparados, tendo liberdade para fundar comunidades sinagogais em todo império romano, exercer o culto e exigir a observância da lei dentro da sua comunidade.
A base econômica da Palestina no primeiro século era formada pela agricultura no norte; pela pecuária na região sul; pela pesca no lago Genesaré, mar Mediterrâneo e rio Jordão; pelo artesanato nas cidades e aldeias através de cerâmicas, couro, fiação e tecelagem.
Do ponto de vista socioeconômico, a Palestina era formada por três classes:
  • Classe rica – formada por altos dignitários da corte, pelas famílias da aristocracia sacerdotal, pelos latifundiários, grandes comerciantes e cobradores de impostos.
  • Classe média – formada por pequenos comerciantes, artesãos, donos de hospedarias e baixo clero.
  • Classe pobre – formada pelos assalariados, operários, camponeses e pescadores.                  
Pobreza e mendicância eram largamente difundidas e como havia poucas pessoas ricas na Palestina, o numero de escravos não era grande. 


1. LOHSE, Eduard. A Vida e a Fé Judaicas na Época do Novo Testamento . in Contexto e Ambiente do Novo Testamento. São Paulo: Editora Paulinas, 2000. p. 135-139.
2. BROWN, Raymond. Contexto social do NT. in Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Editora Paulinas, 2004. p. 129-137.
3. MATEUS, J/ CAMACH, F. Situação social. in Jesus e a Sociedade de Seu Tempo. São Paulo: Editora Paulus, 2005. p. 17.
4. FREDERICO, Carlos/ RODRIGUES, Francisco/ MAZZAROLO, Isidoro. A situação econômica. in A Bíblia Introdução Historiográfica e Literária. 4ª edição. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2008. p. 129-123.
5. TENNEY, Merril C. A sociedade Judaica. in O Novo Testamento Sua Origem e Análise. 3ª edição. São Paulo: Editora Vida Nova, 1995. p. 76-78.
6.OTZEN, Benedit. O modelo social. in Judaísmo na Antiguidade. São Paulo: Editora Paulinas, 2003. p. 63-77.